A Primeira Páscoa
Exodo
Capítulo 12:14-27, v.43-cap.13:16
Esta passagem introduz a festa da páscoa (passar por cima), que ainda hoje é celebrada, com algumas modificações, pelos judeus. Ela comemora a passagem do SENHOR sobre as casas dos israelitas que haviam passado o sangue do seu cordeiro nos umbrais e viga da porta da sua casa (versículo 13), poupando os seus primogênitos da morte.Alguns detalhes foram acrescentados na lei que Moisés recebeu do SENHOR (Números 9:10, 11, 28:16-24; Levítico 23:10-14; Deuteronômio 16:2, 5, 6; 2 Crônicas 30:16), e com o tempo incluíram também o cálice (Lucas 22:17, 20), e o molho (João 13:26).
É o início da festa dos pães asmos (Êxodo 23:15; Marcos 14:1; Atos 12:3), durando uma semana, assim chamada porque nenhum pão feito com fermento é permitido durante essa semana, nem é permitido ter fermento em casa (Êxodo 12:15).
A páscoa é celebrada depois do pôr do sol, que, para eles, é o início de um novo dia, neste caso o primeiro dia da festa dos pães asmos. Tanto este primeiro dia como o último, sétimo, são santificados como se fossem sábados. O cordeiro eventualmente passou a ser chamado páscoa (Marcos 14:12-14; 1Coríntios 5:7).
A festa tinha que ser celebrada perpetuamente, todos os anos, através das suas gerações, como solenidade ao SENHOR.
O cordeiro pascal era um tipo do Senhor Jesus Cristo. Ele é a nossa Páscoa (1 Coríntios 5:7).
- Tinha que ser um cordeiro; e Cristo é o Cordeiro de Deus (João 1:29), assim chamado também no livro do Apocalipse, manso e inocente, mudo diante dos tosquiadores, os carrascos.
- Tinha que ser um macho de um ano (versículo 5), em pleno vigor. Cristo ofereceu-se em sacrifício no início da sua maturidade, com toda a sua força e vitalidade.
- Deveria estar sem defeito (versículo 5). É a descrição do Senhor Jesus, um Cordeiro imaculado (1 Pedro 1:19). O juiz que O condenou (como o cordeiro deveria ser examinado para o sacrifício) o declarou inocente.
- Depois de escolhido, tinha que ser guardado, dentro da família, por quatro dias antes de seu sacrifício, assim confirmando sua saúde (versículos 3 e 6). O Senhor Jesus passou mais de três anos depois de seu batismo ministrando entre o povo de Israel, quando todos, inclusive seus inimigos, tiveram a oportunidade de verificar a sua santidade (Lucas 11:53, 54; João 8:46; 18:38, 1 Pedro 1:19). Também entrou em Jerusalém no mesmo dia em que o povo escolhia o seu cordeiro, quatro dias antes da Páscoa.
- O cordeiro deveria ser imolado, e assado no fogo (versículos 6 a 9). O fogo na Bíblia representa o castigo de Deus, e este caiu sobre Cristo quando ele levou sobre si o nosso pecado (João 12:24,27; Hebreus 9:22).
- A imolação do cordeiro tinha que ser feita no crepúsculo da tarde, literalmente entre as tardes, por toda a congregação de Israel (versículo 6). Toda a multidão dos judeus em Jerusalém (que vinham de todas as partes para a festa) gritava "crucifica-O" (Lucas 23:18), e Ele foi crucificado à tarde, na véspera do primeiro dia da festa dos Pães Asmos.
- Nenhum dos ossos do cordeiro deveria ser quebrado (versículo 46). Isto também foi profetizado a respeito do Messias (Salmo 34:20), e cumprido fielmente (João 19:33,36).
- Seu sangue precisava colocado na porta de cada casa (Êxodo 12:7). Para nos salvarmos mediante o sacrifício feito por Cristo na cruz, é necessário que cada um de nós individualmente tomemos o passo de o recebermos pessoalmente (João 3:36, Hebreus 9:22).
- O sangue assim aplicado, constituía, ele só, na perfeita proteção contra o castigo (Êxodo 12:13). Também o sangue de Cristo é todo suficiente para nos justificar (1 João 1:7; Hebreus 10:10,14).
- O hissopo é uma planta comum, da família da hortelã, sendo usado na purificação de leprosos (Levítico 14:2-7), na purificação de pragas (Levítico 14:49-52) e no sacrifício da novilha vermelha (Números 19:2-6). O hissopo é figura da fé, unicamente mediante a qual podemos ser purificados pelo sangue de Cristo.
- Os pães asmos são um tipo de Cristo, o Pão da Vida (Mateus 26:26-28; 1Coríntios 11:23-26). Observar a festa era um dever e um privilégio, mas não influía na segurança dos participantes: os pães não foram comidos na noite em que os primogênitos foram salvos da morte, mas depois (Êxodo 12:34-39). Só é possível crescermos em nossa vida espiritual em Cristo depois da nossa conversão e novo nascimento: a essa altura já temos a vida eterna e não estamos mais expostos a julgamento e condenação.
- O fermento tinha de ser retirado das casas. Durante os sete dias, se alguém fosse apanhado comendo pão com fermento, ele deveria ser expulso (Êxodo 12:19). A palavra fermento aparece 21 vezes na Bíblia, e é um símbolo de corrupção e de mal (Mateus 16:6, 11; Marcos 8:15; 1Coríntios 5:7, 8). Seu uso foi estritamente proibido em todas as ofertas queimadas feitas ao SENHOR (Levítico 2:11; 7:12; 8:2; Números 6:15). O Senhor disse, em parábola, que "o reino do céu ésemelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado" (Mateus 13:33). O fermento representa o mal que entra dentro de uma igreja, contaminando a todos (1 Coríntios 5:6-8).
- Era para ser comido com ervas amargas (versículo 8), lembrando o sofrimento do Egito. Também ao nos alimentarmos da Palavra de Deus, nós nos lembramos do sofrimento debaixo do jugo do pecado, que nos foi tirado.
- Devia ser comido às pressas, em prontidão para a viagem (versículo 11). Devemos sempre estar vigilantes, sabendo que poderemos deixar este mundo a qualquer momento: não temos aqui cidade permanente, mas buscamos a que há de vir (Romanos 13:14).
O mês de Abibe, começando aproximadamente no equinócio de 21 de março, passou a ser o primeiro mês do calendário eclesiástico israelita, sétimo do seu ano civil. Passou a ser chamado Nisan depois do cativeiro (Neemias 2:1). O cordeiro era sacrificado na tarde do dia 15 de Abibe e comido à noite, quando começava o primeiro dia da festa dos Pães Asmos. Podia cair em qualquer dia da semana, calculando-se que o dia 15 foi uma quarta feira quando Cristo foi crucificado.
O ritual da consagração tem três objetivos:
- Lembrar os israelitas de como Deus havia poupado seus filhos e animais da morte, e libertado a todos da servidão.
- Mostrou que Deus, ao contrário dos deuses pagãos da antigüidade, não queria sacrifícios humanos.
- Simbolizava o dia em que Jesus Cristo nos compraria, pagando, de uma só vez, o preço do nosso pecado (1 Pedro 1:18-19).
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