saiamos da defensiva

domingo, 7 de agosto de 2011

Saiamos da defensiva

No Reino de Deus, o modo seguro de perder alguma coisa é tentar protegê-la e o meio de conservá-la é deixar que se vá. A lei da preservação pela rendição e da perda pela defesa é revelada por nosso Senhor em sua declaração célebre, mas pouco entendida “Se alguém vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”. Mt. 16:24
Vê-se aqui a notória disparidade entre os caminhos de Deus e os dos homens. Quando o mundo larga algum bem valioso, alguém arrebata e some. O mundo tem que preservar o que é seu defendendo-o. Assim os homens escondem os tesouros do seu coração, fecham as suas possessões, protegem seu bom nome com leis contra calunia; cercam-se de estratagemas protetoras de toda a sorte e guardam as costas do país com poderosas armadas. Tudo isto está de acordo com a filosofia de Adão, que provém da sua natureza decaída e é confirmada por milhares de anos de experiência prática. Desafiá-la é provocar o escárnio da humanidade, contudo, nosso Senhor a desafiou.
Para ser específico, Cristo não condenou o mundo por defender o que lhe pertence. Voltou-se do mundo decaído e falou de outro mundo em que a filosofia de Adão é nula e onde suas técnicas são inoperantes. Falou do reino de Deus, cujas leis são exatamente opostas às do Reino do homem ( as bem aventuranças).
Muito antes de Cristo lançar os princípios espirituais que haveriam de governar o novo reino, Deus dissera pela boca do seu profeta. “Os meus pensamentos não os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos”. Is. 55:8 e Cristo disse noutro lugar “Aquilo que é elevado entre os homens, é abominação diante de Deus.” (Lc. 16:15)
Entre as leis espirituais e as leis da sociedade humana há um grande abismo. Em sua sabedoria, Deus se move na via elevada segundo os propósitos eternos; na via inferior, move-se o homem fazendo melhor que pode, improvisando e misturando as coisas sem seguir um plano definido, esperando que as coisas se acertem e quase sempre vendo frustradas as suas esperanças.
O cristão verdadeiro é filho de dois mundos. Vive ente os homens decaídos recebe deles os primeiros conceitos e se desenvolve numa decaída visão da vida, como todos os seres humanos, de Adão em diante. Ao ser regenerado e introduzido na nova criação, é chamado para viver em conformidade com as leis e princípios do novo reino, mas todo seu preparo e todo seu pensamento e valores tem sido de acordo com o velho reino. Assim, se ele não for sensato e consagrado, poderá ver-se empenhado em tentar viver a vida celestial, segundo o padrão terreno. A isto Paulo chamou a maneira carnal de viver. As questões da nova vida cristã são influenciadas pelas respostas automáticas da velha vida resultando em confusão.
...É fácil compreender porque tantos cristãos se apegam a seus tesouros, defendem as suas posses e lutam por reputação. Estão reagindo segundo o velho padrão que tinham seguido com muita naturalidade por muito tempo.
Requer a fé verdadeira começar a viver a vida do céu enquanto estamos na terra, pois isto exige que nos elevemos acima da lei da gravitação moral e nos apeguemos, no nosso viver diário, à alta sabedoria de Deus. Como esta sabedoria é contrária à sabedoria do mundo, só podemos esperar como resultado, o conflito. Todavia, este é um pequeno preço a pagar pelo inestimável privilégio de seguir a Cristo.
É necessidade vital que atendamos ao Espírito Santo e cessemos de defendermo-nos. Jamais encontrei um cristão vitorioso que estivesse na defensiva, mas não posso enumerar quantos cristãos nervosos, assustadiços e completamente infelizes já encontrei. Cristãos que queimam suas energias em vão esforços para proteger-se.
Estas pobres almas, sem alento, imaginam que há sempre alguém tentando, como eles  mesmos dizem, “lançar alguma coisa sobre eles”. O resultado é aflição, ressentimento e uma espécie de hostilidade a fogo lento para com todo aquele que tenha alguma razão para crê que está atrás de algo que possui.
Minha fervorosa admoestação para todas essas almas nervosas é que encaminhem tudo a Deus e relaxem. O cristão verdadeiro não precisa defender-se, nem defender sua possessão, sua posição, nem sua reputação. Deus cuidará de todas as coisas. Deixe que se vá os tesouros, e o Senhor lhes guardará para a vida eterna. Agarre-se a eles, e não lhes trarão nada, senão angústia e miséria até o fim de seus dias.
É melhor lançar aos quatro ventos todo pouco que temos, do que envelhecer e azedar tentando defendê-lo. É melhor sofrer a fraude, algumas vezes, do que desenvolver uma constante suspeita de que alguém está querendo enganar-nos. É melhor que a cãs seja assaltada do que passar nossos dias e noites com rifle sobre os joelhos, esperando vigilante pelo assalto. Largue-o e o manterá. Defenda-o e o perderá. Esta é a lei do Reino de Deus e esta lei se aplica a todas as almas regeneradas. Podemos permitir-nos confiar em Deus; permitir-nos não confiar nele é que não podemos.

Eliseu Moreira
(Adaptado de A. W. Tozer)
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