O PÃO DA DISCORDIA

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O pão da discórdia.

Conta-se a história de um casal que estava completando bodas de diamantes, sessenta anos de união. Devido à idade dos velhinhos uma rede de TV resolveu fazer uma entrevista com o casal para saber o segredo da longevidade do seu casamento. Sem querer permitir que a resposta de um influenciasse o outro, os produtores do programa resolveram entrevistar cada velhinho separadamente para que cada um desse uma resposta espontânea sobre as causas da longevidade do casamento.
Para fugir do óbvio, os dois velhinhos foram instruídos a citar outras qualidades além do amor, pois era óbvio que sem amor o casamento sequer existiria.
O primeiro a ser entrevistado foi o esposo que, perguntado sobre quais seriam as grandes qualidades que ele cultivou e que fizeram com que o seu casamento fosse duradouro, ele não titubeou e respondeu:
- Não tenho dúvidas, as grandes qualidades são a GENEROSIDADE e a DEDICAÇÃO. Por exemplo, eu adoro comer o bico do pão, aquela parte mais durinha, mas desde que casei abri mão deste prazer, eu sempre deixo o bico do pão para a minha esposa. Esta generosidade e dedicação fizeram com que nosso casamento durasse tanto.
Em seguida a esposa entrou no estúdio para também gravar o seu depoimento. A entrevistadora lhe fez a mesma pergunta: “Quais as grandes qualidades que você cultivou para que o seu casamento fosse um sucesso?”. Ela respondeu, também sem pestanejar:
- As qualidades que eu aprendi a cultivar nesses sessenta anos de convivência foram a TOLERÂNCIA e o PERDÃO. Por exemplo, eu odeio o bico do pão, mas o meu marido, egoisticamente, deixa sempre o bico do pão para mim. Para não haver desavença eu me submeto a comer algo que não gosto.
A história é fictícia, mas a nossa parábola encerra lições valiosas para a vida a dois, sejam casais, namorados, noivos, amigos ou família:
1ª. Lição – Relacionamentos duradouros não são sinônimos de relacionamentos felizes, muitas vezes inúmeras mágoas vão se acumulando ao longo do tempo de tal forma que há uma união de conveniências;
2ª. Lição – Muitos relacionamentos estão passando pela mesma situação, um pensa estar fazendo o certo, mas está ferindo de morte o outro;
3ª. Lição – Aceitar as coisas sem expor aquilo que lhe magoa é o pior caminho para a resolução de conflitos, pois alimenta ressentimentos e pode ser até injusto com o outro que pode nem ter consciência do prejuízo que está causando;
4ª. Lição – Amor, perdão, generosidade, dedicação e tolerância são fundamentais para um casamento duradouro, mas um casamento feliz necessita de mais um ingrediente: DIÁLOGO.
Sem diálogo não há como conhecer o outro, não há como saber o que precisamos melhorar. Sem diálogo passamos a ser dois estranhos que vivem juntos, mas que por mais que se esforcem jamais poderão fazer deste relacionamento uma união feliz.
O casal da nossa história tinha tudo para ser feliz, mas sofria unicamente por falta de diálogo. Ele se privava daquilo que lhe trazia prazer porque nunca teve o cuidado de perguntar à sua esposa do que ela gostava. Ela se submetia a algo que detestava unicamente porque nunca tentou falar para seu esposo sobre aquilo que a incomodava. Ele se achava generoso e dedicado, ela o achava simplesmente egoísta.
Nos dias de hoje, quando trabalhamos fora, chegamos cansados, assistimos TV e vamos dormir. Pouco tempo nos sobra para o diálogo e quando este diálogo acontece falamos dos filhos, das finanças, da família, mas pouco conversamos sobre o relacionamento a dois, sobre as necessidades de cada um no relacionamento e sobre o compromisso que um tem com o outro. Deste modo, muitas vezes o relacionamento se arruína de forma até surpreendente.
Esta reflexão é um convite para o diálogo, quando foi a última vez que vocês conversaram sobre o relacionamento sem que isto significasse uma briga, uma discussão, uma mágoa?
Abra espaço para o diálogo. Este é o primeiro passo para um relacionamento restaurado e feliz.

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